Dez anos depois do début no “BBB”, Grazi Massafera prova que é bem mais que uma simples brother. Convenceu como mocinha nas novelas, apresentou programa de beleza, posou para a “Playboy”, sambou na avenida, teve uma filha e, bom, diz ela que não reatou o relacionamento com o pai da criança
Muito proativa, Grazi Massafera tira a roupa toda, voluntariamente, para encarnar a loira em apuros nas garras do King Kong. Sua entrada no set, vinda do camarim, tem o efeito paralisante de uma epifania. Se até aquele instante o produtor, o maquiador e seus respectivos assistentes estavam embevecidos com a musa – mas todos relativamente sob controle –, ali eles entraram em uma espécie de transe coletivo. “Arrasa!” “Maravilhosa!” “Deusa!”, gritavam, enquanto Grazi se contorcia cheia de lascívia na palma da mão peluda do gorila. Embora aquele tenha sido o momento em que o ensaio de fato pegou fogo, não se pode dizer que a estrela estivesse menos espetacular como Barbie, Rainha de Copas ou Alice. “Uhu! Uhu!”, continuava sua claque particular. Ela deve muito aos amigos produtores, e não só em forma de aplausos, já que eles a admiram genuinamente – inclusive de cara lavada. “Essa mulher tem borogodó com os gays, gente”, orgulha-se um deles. Ela sorri em retribuição, enquanto faz mais uma pose.
A pedido de Grazi, a reportagem foi buscá-la no aeroporto de Congonhas e a entrevistou a caminho do estúdio, que fica na Vila Leopoldina, zona sul de São Paulo. Tipo “para já ir adiantando”. “É ela!”, disse o motorista, ao avistar uma loira alta e magra modelando em meio aos seres humanos comuns que circulavam na calçada em frente ao desembarque. Fomos ao seu encontro. Tudo bem? “Tudo.” Fez boa viagem? “Fiz.” Acordou muito cedo? (Franzindo o nariz) “Sim.” Gosta de acordar cedo? “Não.” E então, a conversa engata. “Na verdade, gosto quando não é por obrigação. Se estou de férias, me levanto às 6h. Eu sou do sol. Não gosto de frio, neve. Nunca esquiei ou me programei para isso.” As últimas férias dela foram em São Miguel dos Milagres, paraíso alagoano a 85 km de Maceió. Mas ela pede, brincando, para não citar isso na matéria, “senão fica assim, ó, de gente (juntando todos os dedos da mão)”. “Em vez de São Miguel, põe aí que eu fui pra Noronha” – que ela diz amar também.
Deslanche na dramaturgia
A carreira de Grazi Massafera está completando dez anos, se levarmos em conta o período em que ela participou do “Big Brother Brasil” (BBB 5). O programa funcionou como um trampolim para o deslanche, digamos, dramatúrgico. De lá para cá, ela atuou em seis novelas, apresentou programa de beleza, participou de humorísticos, minisséries, fez cinema, posou nua para a “Playboy”, lançou linha de produtos com seu nome e foi rainha da bateria. Tanta versatilidade não foi suficiente. Na TV, conta que sofre preconceito de colegas – “diariamente até”–, por não ter formação teatral. Recentemente, uma atriz chegou a perguntar: “Quando você vai parar de fazer publicidade para virar atriz?”. Grazi diz que não é da natureza dela participar de panelas, mas que isso muitas vezes é necessário. “Você paga um preço se não participa… E paga também, se participa.” Por outro lado, ela sabe reconhecer em algumas críticas a intenção de ajudar: “Um dia, a Nathalia Timberg veio me dizer que eu infantilizava a minha voz e que eu era muito mais do que aquilo. E perguntou: ‘Por que você não usa a voz a seu favor?’. E eu entendi o comentário como um conselho construtivo: ‘Vai estudar’”.
Ela foi. Recentemente, embarcou com um grupo de globais para participar de um curso na Espanha com Juan Carlos Corazza, coach de Penélope Cruz e Javier Bardem. Quinze dias. Chegou a interpretar trechos de clássicos como Casa de Bonecas, de Ibsen, e A Gaivota, de Tchecov. Embora tenha gostado muito do curso, considerado até “profundo”, pode ser que ela não use tanto o que aprendeu – pelo menos não na TV. Sua experiência em novelas mostra que os atores preferem “contracenar sozinhos”. De acordo com Grazi, o fenômeno ocorre inclusive (e especialmente) entre os mais experientes. “Eles já entram em cena com as reações prontas. Cada um representa para si, como se não estivesse escutando o que o outro diz.” Ela explica que ainda não chegou a essa sofisticação interpretativa, mas não critica o método. Aprendeu a considerá-lo uma ferramenta importante quando se tem um ritmo de gravações acelerado, como na televisão. “Se você grava 21 cenas por dia, não tem como deixar a magia da troca acontecer.”
Sobre o Cauã
Ao contrário de muitas colegas de métier, Grazi não reclama da falta de privacidade que a fama traz – o que não deixa de ser coerente com alguém que fez sua estreia na TV em um reality show. Diz que ser famoso “é uma delícia” e que mais a ajudou do que atrapalhou. “Abrem-se muitas portas, os sonhos se realizam. E eu gosto de receber o carinho das pessoas na rua, considero isso o reconhecimento do meu trabalho”, afirma a paranaense de Jacarezinho, cidade a 390 km de Curitiba. Ela não se queixa da exposição de sua vida na mídia nem mesmo em momentos de crise pessoal, como na época em que se separou do ator Cauã Reymond, pai de sua filha, Sofia, 2 anos. Reymond estaria tendo um caso com a atriz Isis Valverde, par dele na minissérie Amores Roubados: “Chega um momento em que você até ri do que publicam. Meu irmão fazia muita sátira disso. A gente tem de tirar humor de tudo, senão fica depressivo. E eu não tenho tendência”, diz. Agora, a pergunta que não quer calar (e que J.P é obrigada a fazer): verdade que você e Cauã reataram? “Não”, ela responde, com bom humor. Mas há fotos na internet que mostram os dois bem ‘reconciliados’… “Sempre vão publicar fotos nossas porque temos uma filha juntos”, desconversa. Está namorando? “Não (ainda de bom humor). Até poderia, mas não acontece porque (os jornalistas) antecipam tudo, então a coisa acaba antes de começar.”
E quais são os projetos de Grazi Massafera no momento? “Fazer a capa da revista da Joyce”, ri. E revela algo que poucas estrelas de 1,73 metro de altura e 58 quilos de peso ousariam: “Estou com fome”. Adianta que é boa de garfo e, para que se entenda o que isso significa, diz que não suporta a mania que as pessoas têm de servir para ela o que chama de “prato simbólico” (salada de folhas, pequenos nacos de proteína e mini porções de carboidrato). “Isso me deixa irada. Não gosto de alface. Só me obrigo a comer porque é fibra. Meu paladar é infantil.” No caso de Grazi, “paladar infantil” não é aquele que só se sente estimulado na presença de cheese burgers, batatas fritas ou milk-shakes. Na nomenclatura dela, trata-se do que classifica como “comida de criança”: arroz, feijão, bife, purê de batata. “Criança precisa de alimentação saudável.” Em menos de uma hora, Grazi prova à mesa da cozinha do estúdio que não estava fazendo gênero: comeu salmão, arroz, purê de mandioquinha. Repetiu. Depois, ainda posou linda com o abdome trincado à mostra. Um tapa na cara da sociedade. Paf!
Fonte: UOL
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